sábado, 25 de dezembro de 2010

A Pequena Alegria por Márcio Cardoso

A Pequena Alegria

Os movimentos do nosso coração, nossa força empreendida, os sonhos desejados, a nossa visão de mundo, a maneira como organizamos a nossa vida, nossa religião e liturgia, por vezes é influenciado pela sociedade; sociedade esta de consumo, do descartável, do imediatismo, do midiático, do utilitarismo, da concorrência, do ufanismo, do triunfalismo, do mito, do endeusamento do corpo e dos campeões, entre outras coisas...

Num mundo como este os nossos olhos vão ficando cada vez mais cegos para as coisas mais modestas, para o Reino que acontece também no anonimato ("o Reino é como uma semente plantada..."), para os fracos, para os perdedores, para as amizades que requerem tempo, para aqueles que não tem o padrão de beleza imposto, para aqueles que tem alguma dificuldade motora, para as crianças, para os pobres e para os prazeres pequenos do dia a dia.

Daí, no natal, se repete o que aconteceu no nascimento de Jesus: poucos perceberam o Deus de fraldas! Poucos perceberam o "pequeno Deus".

E por que não perceberam?

Por que estavam interessados no "grande deus", estavam ocupados no seu comércio, estavam com olhos voltados para a sinagoga, para o castelo, para César; estavam voltados para o seu umbigo.

A mais maravilhosa revelação aconteceu no anonimato, e só quem teve bons olhos ("o essencial é invisível aos olhos") é que pode enxergar a "pequena alegria".

Quem viu o menino Deus?

Uma camponesa saindo da adolescência - Maria - quem primeiro viu o Deus "encolhido", quem ouviu Deus procurando fôlego no seu primeiro choro.

Quem viu o Verbo que se fez gente?

José, marido de Maria, que temeu ao anúncio! Que esteve ao lado de sua esposa todo o tempo e pegou Deus no colo!

Quem viu o Criador que se fez neném?

Os magos que vieram do Oriente conduzido por uma estrela bem mais brilhante que a estrela do céu, uma estrela no seus corações, que os iluminou para a Revelação que se deu no escuro fétido de uma estrebaria!

Quem viu o Deus com cólicas?

Os pastores, gente sempre debaixo de suspeita, mas que tinham um trabalho no qual poderiam acolher o silêncio, a imaginação, a fé pelo simples fato de estarem no campo; e que ouviram os anjos cantarem, pois podiam dar uma pausa no barulho da cidade.

Quem viu o pequenino Deus?

Simeão, que não deixou seu ouvido se entupir com as vozes do século, e ouviu do Espírito Santo que antes de morrer veria o Cristo do Senhor! Quando Jesus completou 8 dias de vida e seus pais o levaram para ser circuncidado, ainda na fila, Simeão enxergou o que passou despercebido por todos que participavam do ritual.

Quem viu Jesus?

Ainda na circuncisão, quem viu o Deus criança foi a viúva Ana, já velhinha; que viveu casada apenas por 7 anos, e que há 84 anos tinha perdido o seu marido. Naquele momento, quando Ana adorava a quem não via, seus olhos se abriram para ver o Deus encarnado!

E nesta semana, no natal de 2010, quem verá o Cristo?

Certamente, aqueles que não se deixam confundir pelo brilho das cidades, pela fama do mundo, pelas regras do jogo de consumo, pelo ufanismo da religião, pela ansiedade do "ter que ter", pelo triunfalismo das instituições.

Desejo a todos um natal e uma vida que valorize as pequenas alegrias; olhos que percebam o anônimo e o invisível; colo que abrace os que fracassaram; lábios que beijem o pecador; coração que acolha não a árvore da religião, mas a semente do Reino.

Numa terra de poderosos vou dar as mãos ao fraco; num mundo de deuses vou abraçar o humano; num país de gente grande vou ninar o menino Jesus!

Naquele que se fez pequenino para que os pequenos pudessem enxergar,

Márcio Cardoso

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Próximo Domingo às 9h30 em nossa comunidade - Pe. Henri Marie Le Boursicaud

O Homem do Mundo em Natal/RN




Henri Marie Le Boursicaud, o Padre Henrique, completou 90 anos no último dia 23 de agosto, segunda-feira. Noventa anos de uma vida riquíssima, não de valores materiais, mas sim de amor ao próximo, de fraternidade, de humanidade. O padre que não usa batina nem gosta que o chamem de padre carrega em seu coração um amor profundo pelos pobres do mundo todo. Amor que o fez andar 1.500 km de Paris a Roma, a pé, aos 75 anos, para entregar uma carta ao então Papa João Paulo II, com severas críticas sobre a atuação da Igreja Católica com as comunidades menos favorecidas. Amor que o fez enfrentar governos, a fome e inúmeras dificuldades como morar em casas de papelão embaixo de viadutos de São Paulo quando veio ao Brasil pela primeira vez no final dos anos 80.

Henri acredita que o verdadeiro conhecimento sobre a ideologia cristã e o amor de Deus está nos pobres. E não perdoa os “ricaços”, que fecham os vidros de seus carros luxuosos para não verem os miseráveis nos sinais ou sentirem o cheiro da pobreza. Henri conviveu, por muitos anos, com Abbé Pierre, fundador do Movimento Emaús. No entanto, por discordar do encaminhamento que o Movimento estava tendo, acabou se afastando e criando, em 1972, a comunidade de Emaús Liberté. Para ele, Emaús estava ficando “muito instituição”, com muitas regras, normas e pouca partilha e justiça entre os homens. Em 1985, morou em São Paulo e ajudou a fundar Emaús na capital paulista. Depois, na favela do Pirambu, já em Fortaleza, conheceu Airton Barreto e, juntos, fundaram Emaús no Ceará, o Movimento Emaús Amor e Justiça.

Henri Marie Le Boursicaud, o Padre Henrique. Francês, da região da Bretânha no sul da França, fundou, em 1972, a comunidade de Emaús Liberté. Em 1985, visitou o Brasil e, em 1986, fundou, em São Paulo, a primeira comunidade de Emaús do Brasil, sempre questionando as instituições e dizendo que sua ligação com elas é como um fio de cabelo. É um padre operário, que, aos 75 anos, andou de Paris à Roma, à pé. Tem escrito 22 livros que falam sempre de vida. Dentro do Movimento Emaús, costuma-se dizer que Abbé Pierre é o homem da França e Henri é o homem do mundo.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Hoje às 18h em nossa comunidade

Homenagem in memorian ao nosso irmão Barros Jr.

Crônica para Barros Jr. por Sasha Alves

EU, QUE NEM JOÃO; ELE, QUE NEM JESUS

O apóstolo João, diante da partida do mestre e de tantas lembranças que lhe pulavam à mente, escreveu o seu evangelho.

Mas, no último versículo de sua carta (Jo 21:25), sabendo que aquelas páginas não seriam suficientes para conter toda a riqueza das horas silentes ao lado do mestre, dos momentos de descontração no sopé do monte, dos bastidores das curas, das viagens a pé ou de barco, dos risos e choros compartilhados, João se rende à infinitude das entrelinhas de sua amizade com Jesus.

E é com esse mesmo espírito de entrelinhas que eu tomo licença poética para, parafraseando João, prestar homenagem ao meu irmão camarada:

"Há, porém, tantas outras coisas que Junior fez. Se todas elas fosse contadas, uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos".

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Libertei-me do medo do inferno - por Barros Jr.

Libertei-me do medo do inferno

Libertei-me do medo do inferno, e da pressão de ir para o céu.

Descobri que ganhei isso de presente

Mas também descobri que esse não é o maior presente

O maior presente não foi esta passagem gratuita para o novo mundo

Mas o AMOR

A oportunidade de:

Chorar com os que choram

Sorrir com os que sorriem

Valorizar os pais e amigos

Abraçar os doentes, prostitutas, homossexuais

Conversar com os alcoólatras

Acreditar nos meninos de rua

E se tornar uma pessoa extraordinária como Jesus, não em busca do céu ou para escapar do inferno

Mas em busca desse EXTRA, que também podemos chamar de AMOR

Fé + Perseverança + Flexibilidade = pessoas extraordinárias = AMOR

para acreditar em algo difícil, impossível para as pessoas comuns

Perseverança para persistir e não desistir no primeiro obstáculo

Flexibilidade para entender que as pessoas são diferentes, e amá-las mesmo assim.

Barros Júnior

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Amanhã, Caminhada Ecológica às 8h no Parque das Dunas

Os Projetos Sociais de nossa comunidade(Arquitetos do Futuro e Amigos da Rua) serão apresentados ao público presente. Não esqueçam de levar 1 Kg de alimento.